É provável que numa das suas visitas à nossa confeitaria se tenha cruzado com Augusto Küttner de Magalhães, um dos nossos clientes habituais. Escolhe sempre a mesma mesa, a última do lado direito, antes da esplanada. E foi lá que o encontrámos, absorto, debruçado sobre um jornal que analisa e escrevinha com as suas notas, como tantas vezes costuma fazer.
Nasceu no Porto, em 1950, filho de pai português e mãe austríaca. Trabalhou durante muitos anos como Gestor de Recursos Humanos, tendo passado por várias empresas. Atualmente, reformado, decidiu dedicar-se à escrita. “Sempre gostei de escrever e depois da reforma comecei a ganhar mesmo essa necessidade”, explica.
Escreve maioritariamente artigos de opinião. Há alguns anos, encorajado pela esposa, decidiu enviar alguns dos seus textos para o Público e para o Expresso, jornais que lê religiosamente. E, qual não foi o seu espanto, quando viu os seus artigos publicados. “A primeira vez fiquei espantadíssimo. Abri o Público e, de repente, vi lá o meu nome escrito! E depois, passado uma semana, fui publicado no Expresso. Fiquei muito contente.”
Desde então, tornou-se presença regular nas rubricas de “Cartas ao diretor” de vários jornais, e recebeu, ainda, vários convites para escrever em blogs. “Realpolitik”, "Com Regras", “Avenida da Liberdade” e “A Voz da Girafa” são alguns dos websites onde pode ler as suas opiniões sobre as mais variadas matérias, da política à educação.
Foi também depois de se reformar que este nosso cliente redescobriu a Tavi. A primeira vez que cá veio era ainda criança e acompanhava uma tia que morava na Foz. Tem ainda presente as memórias do espaço: “ Era tudo em madeira, tinha dois balcões e a Tavi era conhecida porque vendiam muitos bolos-rei e bons”. Depois da tia morrer, perdeu-se a ligação à Foz e, consequentemente, à Tavi.
Só regressou à confeitaria há poucos anos, quando se inscreveu na Universidade Sénior da Foz e, desde então, visita-nos pelo menos duas vezes por semana. Gosta de ter a vida “bem programada” e a sua rotina é quase sempre a mesma. “Quando chego aqui já nem peço nada, os colaboradores veem-me e vêm logo trazer-me o café”. Depois, entrega-se à leitura do jornal, ou de um livro, escrevendo, pontualmente, notas aqui e acolá, nos espaços vazios que encontra. Notas essas que acabam muitas vezes por ser publicadas nesses mesmos jornais.
Antes de partir, compra sempre dois bolos (os croissants e os jesuítas são os seus preferidos), um para si e outro para a sua esposa. A despedida é sempre breve. Já sabemos que volta sempre para uma visita, e para ocupar aquela que já se tornou a “sua mesa”. Até amanhã, caríssimo Augusto!